De onde viemos? O que nós somos? Para onde vamos?
Texto curatorial de Helena Schulte para a exposição “Em algum lugar no Universo: as imagens de nós”
8/4/20252 min read


De onde viemos? O que nós somos? Para onde vamos?
Ao retomar as perguntas de Paul Gauguin (1848-1903) a respeito de nossa ínfima existência, Katarine Rech dimensiona as refutáveis interpretações humanas sobre a importância das coisas a partir do questionamento sobre os processos espiralados do universo. Tomando o campo da experiência como berço de suas inquietudes, somos convocados por ela a suportarmos o silêncio do vácuo face ao turbilhão de vícios que nos cercam, em um exercício de redescoberta de si. Independentemente do seu tamanho, olhar para o mundo em escalas divergentes e perceber que tudo tem, simultaneamente, a mesma importância e desimportância.
Os corpos celestes aqui celebrados deflagram a urgência pela coletividade: a perspectiva de olhar e ser olhado, rememorando as filosofias as quais também construíram a matéria de que somos feitos. Em algum lugar no Universo: as imagens de nós são transformadas as fantasias do eterno em condições ideais de densidade e de temperatura, explodindo em culturas plasmadas que as estrelas nos contam em suas nostalgias.
Demasiado hipnótico, o atravessamento sócio-histórico, simbólico e cultural daquilo que balbuciamos em ideias dentro da história como sendo abstrato nos fornece, em contrapartida, o movimento suspeito de nossas origens comuns. Tal cartografia celestial não aprisiona-se em buscas por respostas respaldadas cientificamente, mas como um flerte com o desconhecido, com o incompreensível, com o não dito.
Fotografia de Katarine Rech durante a exposição “Em algum lugar no universo: as imagens de nós”, na Câmara Municipal de Porto Alegre.
Por Helena Schulte
Helena Costa Schulte Ulguim, 2001, Coimbra, Portugal
Vive em Esteio e trabalha tanto em Porto Alegre quanto em suas adjacências.
Graduada em História da Arte pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Helena encanta-se pelo processo da pesquisa. Multifacetada por natureza, Schulte entranha-se de estranheza pelas mais variadas linguagens artísticas, com um apelo emocional direcionado para as artes visuais e para a dança. Tal desconforto representa, em sua trajetória, uma possibilidade de contato - o qual foi explorado em seu trabalho de conclusão de curso, defendido em 2025, sob o título: "Continuum Borromeano: a perspectiva topológica-geométrica da ninfa na obra dançada de Claude Lorrain (1600-1682)". Ali concatenou-se parte de suas paixões teórico-metodológicas, mas deixou uma próxima deriva, um novo espaço, a ser deformado por novos desejos: a curadoria.
Suas outras perspectivas acadêmicas e profissionais são respaldadas, para além das monitorias, por sua atuação como arte-educadora nas 13ª e 14ª Bienais do Mercosul; sua publicação de resenha na revista Ícone, vinculada à universidade; sua participação conjuntamente ao grupo de extenção NuTAL (Núcleo Transdisciplinar Tania Galli Fonseca) dentro da Oficina de Criatividade do Hospital Psiquiátrico São Pedro em Porto Alegre, com publicações em canais de pesquisa; como produtora cultural nos encontros do Trilhas Artísticas em 2023; como assistente curatorial da exposição proposta pela Ocupação Carla Vendramin no 31° Porto Alegre em Cena em 2024 e como curadora desta exposição.
Helena também é graduanda em Psicologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em São Leopoldo, onde já experimentou a iniciação científica no contexto das ciências sociais e do feminismos e atualmente é bolsista CNPQ do programa PET SAÚDE na universidade.